domingo, 3 de dezembro de 2017

Um café 

Andei por estes dias a “digerir” a partida do Zé Pedro, como a maioria dos portugueses. Muitos dos meus momentos de adolescência, como para muita gente da minha geração, tem os acordes e a banda sonora dos Xutos, têm a cara do Zé Pedro.  Não o conhecia e podia ter conhecido...partilhado até um café...

Estava um dia em amena cavaqueira com uma amiga no ECI e enquanto tomávamos um café, caminhei pelo balcão e fui buscar um copo de água, e por isso, o senhor que estava ao meu lado teve educadamente que se afastar. Com o copo de água na mão,voltei ao meu lugar e peguei no meu café para beber quando ouço: - Pode beber esse café à vontade, mas olhe que esse é o meu...

E pois claro, o senhor educado era o Zé Pedro e o seu café. Ele, ria divertido com a minha cara de estupefação e acabámos os três a rir. E pronto. Começou e acabou  assim o único encontro com ele, porque com a sua música os encontros foram muitos e muitos mais, em concertos desde a adolescência até à idade madura, com filhos atrás e muitas memórias guardadas. Obrigada Zé Pedro, pelo café que não tomei, mas sobretudo pelas musicas e momentos que deixaste. Até sempre


quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Que venha a fada

Cai o primeiro dente e levas um murro no estômago. Acorda! A miúda cresceu. É inevitável. Entrou numa espécie de “adolescênciadainfancia” . E num ápice toca a preparar a chegada da fada dos dentes, da magia. Um ritual de passagem a celebrar um acontecimento especial, o cruzar a porta  de entrada no mundo dos grandes.  E venha a fada, que está tudo preparado para a receber...e que o teu acordar seja cheio de encanto. 

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Ao virar da esquina

Em dois dias, duas pessoas que de alguma forma um dia cruzaram a nossa vida, a vida dos nossos filhos desapareceram. Se eram próximas? Não eram. Mas em algum momento foram. Deixaram uma marca. Tocaram-nos. Chegaram ambas dentro  no mesmo contexto, partiram de formas e idades diferentes, deixaram-nos (uma vez mais) a pensar em como tudo é tão passageiro.  Irremediável.  Injusto. E que por mais que nos preparemos para a morte, ela pode surpreender-nos ao virar da esquina. 

quinta-feira, 31 de agosto de 2017

The Lady Die! 

Há 20 anos passava um fim-de-semana na costa alentejana. Amanheci com o meu marido a dizer-me: "A Diana morreu! ". O que, para quem tem uma sobrinha Diana, foi um choque, até ele me dizer que tinha acabado de ver na televisão...

Como leitora intrépida da Hola! tinha acompanhado aquele verão de amores,  como tinha acompanhado os desamores, as lágrimas e sorrisos, os outfits, as ternuras com os filhos e tantas outras imagens que faziam dela um ícone. Que perdurou no tempo, que resustiu a tantas transformações e que me acompanhou. E passados 20 anos, guardo ainda os exemplares da revista. Exemplares esses que  também  resistiram a operações de destralhe, limpezas, arrumações, mudanças e que guardo como se aquela personagem, de certa forma, vivesse ali e me transportasse para aquele verão e aquela manhã para os lados do Alentejo. 


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Putos tiranos

Almoço de domingo. Na mesa ao lado um miúdo com uns 5 anos grita agarrado ao prato do pai:- Deixa o pai papar, filho! Tu já papaste mas o pai ainda não. O miúdo grita. Com o pai, com a mãe, por tudo e por nada. Volta a tentar tirar o prato ao pai. Sai da mesa, rasteja e volta para a mesa. Nova birra. O pai diz-lhe que sabe que ele está chateado porque quer ir brincar para a rua (movimentadissima, note-se!)

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

novo ano 2

Novo ano

O novo ano cá por casa trouxe dores de garganta, dores no corpo, febre e uma luta com um siso que me deixou de rastos. E nada melhor para esquecer estas maleitas, que relembrar os dias de férias mais recentes, passados debaixo de um sol frio de inverno que apetece aproveitar.
Um dos dias que tinha destinado a visitar os avós, resolvi fazê-lo de elétrico, o velhinho 28. "Aquele" 28 onde dei tantos passeios de juventude, em cada saltinho da Graça até à Baixa, em que as curvas das escolas gerais pareciam as viagens de carrocel da feira popular. Viagens onde os turistas eram escassos, os miúdos iam à pendura e nós íamos armadas em crescidas saindo devagarinho debaixo das asas da mãe. E onde existia um "pica do 7" de que hoje não há memória. Tal como aconteceu com os miúdos cá de casa, que no 28 passearam sozinhos por Lisboa pela primeira vez.
Desta vez fui só eu e a T. Na fila nos prazeres, nós e dezenas de turistas, lá partimos rumo à Graça. A T estava radiante, já que só tinha andado no museu da carris. Sentadinhas à janela, fomos aproveitando a vista. Primeiro,  nas ruas do nosso bairro, aquelas que nos são tão familiares e que tão bem conhecem os nossos passos. Depois, espraiando-nos até S. Bento, Calhariz, Chiado, já com olhos postos no castelo, e em S. Tomé. Poucas eram as vozes portuguesas que se ouviam, "and be careful with the pickpockets".
Chegados ali às bandas de alfama, a cruzar as escolas gerais, pára o velho elétrico. Só passa um de cada vez e quem o diz é o telemóvel, substituído pelo velhinho da taberna da esquina, de placa de stop em punho, como o vi toda a vida. Já não está lá, mas a linha continua a dar só para um e temos que esperar. Finalmente lá seguimos, subindo a voz de operário, e sendo recebidos de braços abertos pelo largo da graça, onde saímos contentes em direção à casa da avó.
A viagem foi também uma visita ao passado e uma forma de espreitar a cidade de outro ângulo. A nós, soube-nos bem "turistar" por aqui. 
Nos dias que nos sobraram, ainda houve tempo para uma visita à Cinderela e ao seu príncipe, brincadeiras com os (muitos) brinquedos novos e uma viagem ao até ao Algarve para receber o novo ano e esperar que nos traga muitas alegrias e que estas maleitas sejam sol de pouca dura.